segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Que cheiro é esse? II

Antes de continuar convém referir que nos encontrávamos em pleno campo aberto, a mais de 300 metros da cerca que delimitava a parcela agrícola, e sem uma única árvore para subir. Pelo que a hipótese de correr o mais depressa que a adrenalina permitisse estava completamente excluída. Não havia escapatória possível...

Quando já imaginava que a Ki se iria esconder rapidamente entre as minhas pernas, ela continuou impávida e serena a trilhar o seu caminho. Nesse momento pensei para comigo: ela que se desenrasque... afinal, sempre que se tem sentido realmente ameaçada tem mostrado os dentes, e apesar de ser muito medricas, acreditem que o ladrar dela mete respeito, quanto mais um belo arreganhar de dentes.
Entretanto, já me estava a preparar para arranjar umas pedras (não fosse a coisa começar a correr mal), quando o cavalo parou ao pé da Ki. Calmamente chegou-se ao pé dela e cheirou-a. Ela olhou para o cavalo e continuou o seu caminho, na boa, sem stress! Isto só por si é muito estranho, pois ela é mesmo muito medricas... Mas para além da calma da cadela o que se passou a seguir ainda é mais estranho (ou talvez não!).

A fera relinchou e descreveu dois círculos largos em ritmo de galope, num estado de manifesta excitação!
Nesta altura eu e a Ki já estávamos perto da cerca, mais ou menos a 50 metros, pelo que a coisa já estava a ficar mais sorridente para o nosso lado. No entanto, o cavalo aproximou-se novamente da Ki e repetiu a façanha.
Desta vez a reacção foi ainda mais estranha, ele começou a galopar a grande velocidade e para muito longe. Entretanto eu pulei a cerca ;) e ajudei a Kibale a passar. Quando já estávamos as duas num sítio seguro, o cavalo já estava a mais de 500 metros, ainda em grande velocidade, relinchando e dando pinotes, completamente alterado!
E pelo menos durante os dez minutos que se seguiram continuou a correr ininterruptamente...

Sei que os cheiros produzidos na altura do cio são extremamente perturbadores e excitantes, mas isso para os cães... agora num cavalo? Isso parece-me muito estranho?
Sei que a Ki é uma cadela gira, saudável e bastante atraente (os cães costumam gostar!), mas do ponto de vista de um cavalo ela deve ser um ser quadrúpede, atarracado e bastante disforme...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Que cheiro é esse? I

Nas minhas lides pelo campo, sempre acompanhada pela Kibale, a fantástica Labradora com quem partilho quase todas as horas e as tarefas do meu dia, ocorrem, com alguma frequência, momentos dignos de um "Isto só vídeo"!
São banhos de ribeira com direito a chapinhar e tudo; são patas e botas cheias de lama; é ladrar furiosamente a qualquer elemento estranho na paisagem, quer seja um monte de pedras com uma forma diferente, ou uma pilha de fardos de palha... é um ladrar de medo às vacas ou um ladrar de grande coragem face a um rebanho de ovelhas!
Enfim, muitas risadas!
Mas há que ser justa, a Ki está cada vez mais corajosa! E os momentos de cadela medricas são cada vez mais raros. A comprovar está o momento que me levou a escrever este post.

Estes dias a Ki tem estado com o cio.
E para quem já conhece algumas das histórias da Ki na altura do cio, pode esquecer os momentos em que tenho matilhas de cães babosos à porta de casa, ou os cães que me perseguem pela rua (chegando a situações muito embaraçantes para a minha pessoa), apenas porque transporto comigo o cheiro da cadela.
Desta vez aconteceu algo completamente inusitado...

Numa das minhas lides no campo eu e a Ki estávamos a fazer um percurso a pé e passámos ao pé de um rebanho de ovelhas e de um cavalo. Até aqui tudo normal!
Os ditos animais estavam a mais de 100 metros de nós e a Ki nem lhes ligou muito, seguiu tranquilamente o seu caminho sem olhar para trás. De repente o cavalo começou a galopar na nossa direcção... bem, eu não tenho receio de andar no meio do gado, claro que é preciso ter alguns cuidados, por exemplo, jamais nos devemos meter no caminho entre uma mãe vaca e a sua cria, mas esta situação era completamente diferente, os bichos estavam longe, não havia nada a temer!
Confesso que ver um cavalo exaltado a correr na minha direcção não me deixou indiferente, a situação provocou um friozito na barriga! Tentei manter a calma, respirar fundo, tentar ser racional... e quando já me estava a preparar para enfrentar a fera, o cavalo dirigiu-se para a Ki.

(por motivos de falta de tempo a história fica, para já, por aqui!)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Começos

Uma página em branco. Foi assim que começou, é assim que tudo começa. Aos poucos surgem as primeiras linhas, os primeiros desenhos, as primeiras palavras.

...

Será que era mesmo uma página em branco?

...

Será que somos como páginas limpas, imaculadas? Será que há verdadeiros começos?

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Resoluções... ou simplesmente desejos

Não quero ser uma eterna insatisfeita.
Quero aceitar quem sou, melhorar a cada dia e sorrir.
Quero renovar os meus sonhos, erguer-me após cada batalha. Correr, sentir, viver sem fim.
Quero encontrar esse quê de felicidade, essa morada, essa inspiração, esse caminho. Será que és tu por onde trilho?

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

As mãos

As mãos. Transportam o mapa da nossa vida.
Aquelas vias que nos estão destinadas,
E aquelas que vamos trilhando ano após ano.

As mãos. Acariciam. Transmitem energia.
Alisam a testa franzida.
Massajam uma zona dorida.

As mãos. Entrelaçam. Desvendam caminhos.
Erguem. Viajam. Sonham.
Derrubam barreiras. Constroem impérios.

São apenas mãos. Estão vazias.
Mas transportam um prenúncio de projecto.
A matéria-prima de um sonho!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O "mau" hábito

Gosto de observar o que se passa em meu redor. Modos de andar, de interagir, expressões faciais, as leituras de café... Por vezes basta um pequeno detalhe e, mal dou por mim, o pensamento voa, procurando explicar determinados gostos e intrepertar comportamentos. Não se trata de imaginar histórias ou personagens é apenas um acto de observação.

O que é certo é que o meu cérebro viaja mais do que desejável. Não são raras as vezes em que isso acontece a meio de uma conversa num café, na rua ou mesmo numa reunião. Deixa-me completamente desconcentrada e, compreensivelmente, aborrece a(s) pessoa(s) a quem deveria estar atenta.

É importante sublinhar o facto de ser um exercício de observação, o que é muito diferente de curiosidade e cosquice. Não tenho como hábito passar horas à janela e muito menos ficar escondida atrás do cortinado!

O que é certo é que esta minha característica faz com que eu reconheça muitos rostos. Escola, Lisboa, faculdade, trabalho, Alentejo, férias... imensos locais. E como o meu cérebro não tem uma capacidade ilimitada para guardar informação completamente desnecessária, reconhecer apenas caras pode ser angustiante.

Onde quer que esteja, acabo por ter sempre a sensação de estar a ver alguém conhecido. O problema é que na maior parte das vezes não sei de onde conheço a pessoa em questão, não sei se alguma vez falei com ela e, por isso fico na dúvida de estarei a ignorar alguém que deveria cumprimentar...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Questionando "verdades"

O cérebro percepciona da mesma forma aquilo que vemos e aquilo que imaginamos. Isso significa que para o cérebro uma experiência e um sonho são o mesmo.

Fica a pergunta: o que é afinal real?

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

À Stela Maris de Rezende

De vez em quando uma imagem, um som, uma conversa, ou mesmo alguém cruza o nosso caminho e, de um modo surpreendente, modifica-o.

É algo inexplicável, simplesmente acontece!

Recentemente, tive a sorte de encontrar no meu caminho a Stela. Uma estrelinha que inesperadamente me fez recordar e encontrar um pouco a mim mesma. Alguém que semeou pequenos frutos, frutos que começam agora a despontar.

À Stela, um profundo e sentido agradecimento pela viagem ao mundo das palavras!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Chuva de Verão

Foi após as chuvas do final do Verão, quando a terra, seca e gretada foi banhada pelo elixir da vida. Um símbolo de esperança e renascer iminente. O recomeço. O sonho.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O que vejo ao espelho (aos 26 anos)

És grande, grande de mais.
Gostas de sumo de laranja, de bacalhau com natas,
de um abacaxi bem doce.
És gulosa. Pintas os sonhos de côr-de-rosa!
Queres o dom, o tom e o som,
a receita certa para estar.
Gostas que te façam rir.
Por vezes precisas de chorar.
És uma menina. És uma mulher.
És um rochedo. És um cristal.
Andas, procuras, anseias encontrar...
Encontrar algo, alguém, tu mesma.
Talvez entender que reflexo é aquele
que teima em não sair do espelho.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Coisas dos astros

Vou começar esta página com aquela frase repetida por quase todos os mortais que conheço.

Não acredito nos horóscopos que vêm nas revistas e nos jornais, e as poucas vezes que os leio é apenas por curiosidade e diversão.

E isto é realmente verdade!

Não acredito nas previsões dadas para a saúde, trabalho e amor, escritas em 3 micro-linhas de texto. No entanto, é verdade que pessoas dum mesmo signo partilham algumas características de personalidade. O meu signo é capricórnio, e acho que possuo muitas das características que atribuem a este signo.
E neste aspecto até os argumentos dos mais descrentes me farão mudar de ideias. É a tal história, se as fazes da lua podem influenciar as marés, porque não seremos influenciados pela posição dos astros?

Nasci no dia de transição entre dois signos, e há alguns anos, na fase da adolescência, comecei a reparar que algumas revistas diziam que eu era sagitário, outras que era capricórnio... estranho não?
Se fosse uma seguidora dos horóscopos das revistas podia ter ficado com dúvidas existenciais, quem sabe até ter criado uma dupla personalidade.
Mas o que é certo é que nunca liguei muito a isso, nem nunca pensei a sério no assunto. Era capricórnio e pronto.

O que é curioso é que este blog desvendou a razão desta indefinição. Não acreditam??
É verdade!
Quando estava a definir o perfil no blogspot e inseri a minha data de nascimento, não indiquei o ano. Para meu espanto e irritação disseram-me automaticamente que era sagitário... Ainda pensei eliminar esta parte do perfil, mas lá insisti e indiquei o belo ano em que nasci! E aí... pois é, já era capricórnio!!!
Experimentei com anos diferentes, para ver o que diziam e cheguei à conclusão que dependendo do ano, pessoas nascidas no mesmo dia podem ter signos diferentes.
Não sei se isto é uma grande novidade para vocês, para mim sim!
Neste momento, os mais entendidos na matéria devem estar a pensar que não percebo nada destas coisas, o que a mais pura verdade!

O que consigo deduzir é que a posição das constelações não é exactamente igual ano após ano, podendo variar por um ou dois dias (o que à partida até faz sentido), o que faz variar o signo dos nativos de determinada data.

E isto partindo do princípio que o blogspot tem um especialista em astrologia!

domingo, 9 de setembro de 2007

Acho que estou d...

As pálpebras pesam,
Os olhos ardem ligeiramente,
O nariz está entupido,
A garganta também se queixa, ainda que de mansinho.

Tenho uma dor de cabeça ligeira, mas persistente
O pescoço e os ombros estão doridos.

De tempos a tempos
O meu corpo tenta combater as mazelas
provocadas pelas mudanças térmicas e pelo trabalho de campo intensivo
E aí transpiro... tenho frio e calor,

Bolas... acho que estou doente...

domingo, 2 de setembro de 2007

Atletismo

Apesar de nunca ter gostado de fazer qualquer uma das provas do atletismo (bem... nunca experimentei o salto à vara, quem sabe se até tenho queda para essa?), os acasos da vida fizeram com que gostasse bastante deste desporto.

Não sou nenhuma entendida, conheço apenas algumas caras e alguns nomes, mas este é um desporto que me faz vibrar.
Gosto de ficar agarrada às imagens da televisão, ver quem chega mais rápido, observar a trajectória do corpo que vai mais longe, perceber como se chega mais além e, quem sabe, ver um atleta quebrar um record, pessoal, nacional ou até mundial!

É incrível como o corpo humano pode ser trabalhado e moldado com tamanha especificidade!
E é fantástico como cada prova tem um "corpo tipo" talhado à medida!

Agora que termina o Campeonato Mundial em Osaka espero pelos Jogos Olímpicos já do próximo ano! Esperemos que o Rui Silva já possa entrar em acção!

Já agora, sabiam que a distância de 17.74m que deu a vitória ao Nelson Évora no Triplo Salto é a vigésima melhor marca mundial de sempre?

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Fantasmas

Alguma música tem a capacidade de chegar ao meu íntimo, despertar um sem fim de emoções e fazer-me sentir e pensar. São incríveis os efeitos que a conjugação de notas, acordos, palavras, vozes e/ou instrumentos podem ter.

Todos temos fases em que determinada música não nos sai da cabeça, e há sempre aqueles temas que nos lembram um determinado acontecimento, um sítio ou uma pessoa especial. Há músicas que nos fazem sentir bem, outras, mantém-nos em baixo.
"Don't stop me now" dos Queen enche-me de energia e faz-me sentir imparável. "Nessun Dorma" do Puccini arrepia-me! Já quando me sinto em baixo, Enya é um verdadeiro bálsamo.

Nos últimos dias, a música "Quem me leva os meus fantasmas" do Pedro Abrunhosa & Bandemónio não me sai da cabeça. Hoje, não tem sido excepção. Gosto da música, mas confesso que esta invasão cerebral me tem incomodado.
Já viram o videoclip?
Desde que o vi a música em questão adquiriu um novo significado. Aqueles rostos espelham verdadeiros fantasmas, fantasmas que fazem os meus parecer tão insignificantes. Sinto-me tão pequenina.
É dificil imaginar o que pode ter transformado aqueles rostos.
Será que os meus fantasmas me podem transformar num espectro de mim mesma?

Seguindo uma onda optimista proponho que afastemos as nuvens negras e exorcisemos os nossos fantasmas. Assim, sugiro algumas respostas para as questões mais do que pertinentes da canção:

De que serve o mapa se o fim está traçado?
Podem sempre encontrar-se atalhos! O caminho que fazemos até à chegada pode fazer toda a diferença, no final todos temos o mesmo fim.

De que serve terra à vista se o barco está parado?
Há que ser desenrascado! Que tal ir a nado?

De que serve ter a chave se a porta está aberta?
Uma chave também serve para fechar. E há coisas que merecem estar trancadas!

De que servem as palavras se a casa está deserta?
Esta é mais difícil... mas as palavras podem servir para chamar e aproximar!

Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
Acredito que a esta só cada um pode responder. Mas aqui fica uma dica: não será melhor procurar as respostas em nós mesmos, em vez de ficar à espera que alguém nos salve?

Primeira página

Acredito sinceramente que tudo na vida tem um momento certo. Não vale a pena apressar nem impor, pois ele surgirá.
Não que use esta máxima como desculpa para ficar à espera que "o destino me bata à porta", pois não gosto de me sentir refém e, muito menos, de ver a vida escapar.

Por muito que gostassemos que fosse de outra forma, não controlamos a maioria dos acontecimentos que pautam a nossa vida, especialmente os que têm tendência para ser relevantes. Isso é fonte de desilusão, frustração, mágoas e tristezas, mas também é o que nos permite ter magnífica capacidade de sonhar, e quem sabe, acreditar.
Eu acredito.
Acredito na infinita capacidade de sonhar e de realizar.
Acredito que a vida tem infinitas maravilhas, aqui, bem perto. Por vezes basta olhar de forma diferente, acolher o que à partida parece pouco, e lutar para que cresça e floresça. O importante é manter o coração aberto e permitir-se viver! Pois acredito que existem muitas boas surpresas à espera!
No entanto, também acredito que existe mal.

... aquela que pretendia ser uma curta e simples mensagem de que este é o momento certo para iniciar um blog perdeu-se no emaranhado de ideias e palavras. Ficou então uma pequena apresentação para não me conhece, ou uma revelação para os outros, quem sabe?

De qualquer forma, o blog que hoje se inicia é apenas uma forma de abrir o meu caderninho, deixando alguns pensamentos à solta. Não tem tema definido, nem vai ser sempre tão idealista como esta primeira página. Acredito que terá de tudo um pouco.